Cooperativas têm resultados de negócios sustentáveis na Amazônia

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outubro 14, 2020

Cooperativas apresentam resultados de negócios sustentáveis na Amazônia

“AmazoniAtiva – Conectando pessoas, florestas e mercados”, o segundo painel do encontro preparatório ao Amazônia+21, nesta quarta-feira (14),  trouxe a apresentação de cases de cooperativas e redes que atuam na região e e bons resultados de negócios sustentáveis na Amazônia. O especialista em Políticas e Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mário Cardoso atuou como moderador do painel.

Maria Jaqueline Freire, da Saboaria Rondônia, contou que o projeto foi iniciado em 2015, mas formatado em 2018, com a produção de sabonetes artesanais e cosméticos com matéria prima da Amazônia. “Valorizamos a cadeia produtiva. E a ideia é colher, produzir e preservar. Esses são os três objetivos principais da Saboaria de Rondônia. É uma associação de mulheres que produz sabonetes e produtos de higiene orgânicos a partir de matéria-prima colhida diretamente da floresta de Ouro Preto do Oeste, no Vale do Jamari de Rondônia”, contou.

“Nós idealizamos a saboaria em formato de associação para ajudar as mulheres da região. Nosso foco são as mulheres rurais, mas pensamos em expandir também. Queremos mostrar que unidas somos fortes, e sozinhas não somos ninguém. O mais interessante é que conseguimos preservar o buriti e o babaçu, pois são palmeiras que as pessoas derrubam para colocar capim no lugar. Nós estamos revertendo essa ideia. Lembrando que somos nós mesmas que colhemos os frutos, quebramos e retiramos o óleo. Nós que entramos na mata para termos o que precisamos”, explicou Maria.

Crédito é um dos desafios

A empreendedora falou sobre os desafios enfrentados. O primeiro, o capital. “O banco só empresta dinheiro para quem tem dinheiro”, desabafou. Outra dificuldade citada é trabalhar a consciência do público. A logística também é outro gargalo, principalmente pelo alto valor do frete, a burocracia por parte da legislação ambiental e a lei da biodiversidade. Conseguir a matéria prima também constitui um desafio.

O gestor ambiental Sávio Gomes, da Rede da Floresta-RO, agradeceu a oportunidade de mostrar a experiência. “Nossa história começou em 2003, através de um projeto que partiu do Mato Grosso com foco maior na castanha do Brasil. A iniciativa Pacto das Águas tem sede em Rondônia e tem como foco apoiar os grupos indígenas. Faz capacitação, assessoria técnica, suporte para a produção e logística. “Apoiamos a cogestão dos empreendimentos locais até alcançarem a autonomia. Apoiamos diretamente 900 produtores indígenas, e indiretamente, mais de 3 mil pessoas. A castanha do Brasil é o cerne do nosso trabalho. O açaí nativo e a mandioca também são trabalhados. Hoje desenvolvemos o projeto Rede da Floresta, com a participação de vários parceiros que se uniram para comercializar a produção”.

Primeiro passo: dar formalidade a iniciativas

Gomes disse que entender a verdadeira rede de negócios das comunidades é um dos primeiros passos rumo ao sucesso. Daí, a importância de conhecer a produção e a cultura desses povos. “Nossa luta foi dar formalidade a essas iniciativas. Na etapa do manejo, padronizar o produto é difícil. O povo da floresta precisar profissionalizar seus produtos. O acesso é muito complicado às áreas de produção. Conseguir retirar essa matéria-prima da floresta é um grande desafio. Encontrar preço justo também é outro desafio. Assim como encontrar empresas que reconheçam a qualidade dos produtos. Saber aonde se quer chegar é o principal para o sucesso do negócio. Claro que o acesso a linhas de créditos também é fundamental”, disse.

Paulo César Nunes apresentou a Coopavam, que está sediada no município de Juruena, região Noroeste de Mato Grosso, e atua também nos municípios de Juína, Castanheira, Cotriguaçu, Colniza, Aripuanã, Juara e Brasnorte. Nesta área, superior a 100.000 km2, ela é a única cooperativa que trabalha com produtos da sociobiodiversidade, envolvendo agricultores familiares de assentamentos, aldeões de três terras indígenas, e atende a um público de pelo menos 42 mil crianças de oito municípios, parte delas, em risco por insegurança alimentar e nutricional.

O fim da venda aos atravessadores

A cooperativa nasceu em 2008 do interesse de um grupo de agricultores familiares do assentamento Vale do Amanhecer, JuruenaMT, em trabalhar com produtos florestais não-madeireiros. O Vale do Amanhecer é um dos poucos assentamentos do MT que possui reserva legal comunitária bem conservada e com licença ambiental única aprovada na SEMA-MT. Tem uma área de 7.200 hectares de floresta amazônica com alto potencial para o extrativismo da castanha do Brasil. Atualmente, a Coopavam conta com 67 sócios registrados. Uma parte deles trabalha dentro da unidade industrial e outro grupo trabalha na reserva legal do PA Vale do Amanhecer, durante o período da coleta de castanha do Brasil.

Em quase quatro anos de atuação, a Coopavam envolveu um grupo importante de parceiros governamentais, iniciativa privada e da sociedade civil organizada. Parceria com seis etnias indígenas do Mato Grosso. “As atividades são realizadas de acordo com as características da economia solidária, envolvendo em torno de 500 famílias de coletores de castanha do Brasil, que após a constituição da cooperativa deixaram de vender para os atravessadores”.

Desenvolver a bioeconomia tem a ver com gestão

Beto Mesquita, da BVRio, também falou dos desafios para empreender atividades produtivas na Amazônia. Desenvolver bioeconomia, segundo ele, primeiro tem a ver com gestão de negócios, como lidar com a floresta. A questão logística é outro desafio, principalmente para as áreas rurais. Por último, o crédito diferenciado.

O representante da BVRio relatou que há três anos foi firmada uma parceria com o governo de Rondônia para o desenvolvimento da Governança Climática para RO. Destacou a parceria com a SEDAM, que tem alcançado frutos positivos. Destacou ainda a Amazônia Ativa, plataforma digital criada para servir como vitrine para produtos e ativos da Amazônia, conjunto de oferta de serviços de gerenciamento e planejamento financeiro e logística para escoar esses produtos possam chegar aos centros consumidores do Brasil e do exterior. Com isso, agregando valor à floresta e lutando contra o desmatamento, para aumentar a renda e a qualidade de vida daqueles que defendem a floresta em pé.

Os debatedores finalizaram destacando a importância da plataforma Amazônia Ativa como uma vitrine que conecta os produtos da Amazônia com o mundo e uma oportunidade de mostrar os produtos com mais abrangência. A parceria, segundo eles, pode ir mais além, com o desenvolvimento  de novas embalagens, aperfeiçoamento da curadoria de apresentação dos produtos e mostra como estes empreendimentos são realizados.

Visite o site da AmazoniAtiva.

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