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novembro 04, 2020

O desafio é a construção de uma nova escola voltada aos saberes diversificados

Aprender a cultura ancestral dos povos tradicionais para o processo de desenvolvimento. Dificuldade de acesso à educação e processo de aprendizado. Como tirar isso do papel para uma educação efetiva e de qualidade voltada aos povos da Amazônia Legal. Foram algumas indagações feitas pelo presidente da FIERO, Marcelo Thomé, como mediador do quarto painel do Fórum Mundial Amazônia+21, nesta quarta-feira (4).

Para debater temas focados no capital humano e as novas demandas da economia sustentável e da bioeconomia, o painel contou com a participação de Cláudio Moura Castro, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Claudia Costin, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Flávia Valente, da Secretaria do Desenvolvimento Urbano e de Obras Públicas do Paraná (SEDU PR), Rafael Lucchesi (CNI/SESI/SENAI), e o professor e pesquisador Paulo Sérgio.

Marcelo Thomé ressaltou a educação como um tema transversal do Amazônia+21. Citou a melhora do IDEB em Rondônia e o trabalho desenvolvido pelo Movimento Rondônia pela a Educação. Falou ainda da importância da mediação tecnológica levando o ensino à distância às comunidades isoladas. “Nossa proposta é construir um novo plano de desenvolvimento para a Amazônia e ao mesmo tempo dar voz a essas pessoas para legitimar esse processo”, disse.

Reproduzir modelos já existentes não funciona mais

Rafael Lucchesi afirmou que o país tem um grande déficit educacional e que reproduzir modelos de desenvolvimentos existentes não funciona mais. Entre as mudanças necessárias, é preciso conhecer e estudar a realidade da Amazônia, e focar na biodiversidade. Existe um conjunto de oportunidades, mas são necessárias políticas públicas melhor desenhadas.

Lucchesi ressaltou a necessidade de pensar uma educação que respeite e se conecte a diversidade, através do capital humano preparado e impulsionado para o futuro e ao mesmo tempo respeitando a diversidade cultural. “Certamente é necessária uma nova escola. E precisamos no diálogo com os povos da Amazônia, respeitando sua cultura, mas apresentando novos conhecimentos. Pensando numa economia sustentável, mas focada no século 21. Mas isso não se faz sem ciência, sem esforço profissional, pesquisa e educação de qualidade”, argumentou.

O professor e pesquisador Paulo Sérgio lembrou do conceito de muitos de que a Amazônia é um local deserto, onde pessoas não vivem. “Mas pouco se conhece e pouco se fala dessas pessoas e da identidade desse território. No caso específico da Amazônia, é importante enfatizar o capital natural, que é bem conhecido. Mas é necessário conhecer também os recursos deste capital humano. Seria bom lembrar que a Amazônia Legal conta com uma população de 24 milhões. A Amazônia é habitada, sim, e esse capital humano é para ser levado em conta. Existem evidências de presença humana na região há10 milhões de anos”, falou.

Presença humana: fundamental

Segundo Paulo Sérgio, existem 137 povos tradicionais e ribeirinhos, que constituem o capital humano da Amazônia. “São tão valiosos quanto o capital natural que a região oferece. A presença humana, composta por nômades, foi fundamental para o processo de conservação e reprodução da fauna, pois esse processo não aconteceu de forma natural”.

Em seu ponto de vista, ignorar o conhecimento dos povos tradicionais não ajuda no desenvolvimento da Amazônia. Não dá para ignorar esse rico acervo, pois o grande desafio é combinar esses conhecimentos dos povos tradicionais com a pesquisa científica. “É preciso pensar outro tipo de escola, sobretudo se queremos efetivar e promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia”.

Flávia Valente falou da necessidade de pensar e refletir nos processos de inclusão e acessibilidade na esfera amazônica ‘com e para’ as pessoas, garantindo a inclusão de pessoas portadoras de deficiências físicas.  “Não vamos incluir ninguém apenas com discurso, mas com os modos de fazer através dos diversos tipos de acessibilidade em cada contexto. A deficiência não existe dentro, mas fora da pessoa, principalmente quando ela se relaciona com alguém sem deficiência. O que importa são as relações e que essa acessibilidade beneficie um grupo maior. É preciso eliminar barreiras. Para isso, são necessárias a adoção de metodologias cabíveis e a formação de profissionais que respondam a essa demanda. De outra forma não conseguiremos atingir os objetivos”.

Escola e saberes tradicionais

Painel no Amazônia+21. Crédito: CNI

Esquecer a visão paternalista

A professora universitária e gestora pública Claudia Costin destacou: “Precisamos formar nossos alunos para os desafios da Amazônia e esquecer a visão paternalista aos povos tradicionais. É desafiador trabalhar tendo a preservação da identidade cultural e da diversidade em foco. É fundamental avançar em termos de educação de qualidade, pois não haverá espaço para quem não desenvolver a resolução de problemas, assim como não acoplar o conhecimento moderno ao conhecimento tradicional. Precisamos de uma outra escola, não apenas para a Amazônia, mas para todo o Brasil. Ou seja, uma escola preparada para o século 21. O processo de reinventar a escola tradicional tem de ser repensado de maneira geral, mas respeitando a diversidade de olhares, principalmente através da formação da cidadania e a acessibilidade para todos”, comentou.

Educação é educação na cidade e na floresta, e os problemas não são muito diferentes. Se não existe em qualidade aceitável, ela trava o avanço do desenvolvimento sustentável. A afirmação é do consultor Cláudio Moura Castro. “Sem educação e formação profissional, nada é possível. A educação é central e tem de ser feita de forma criteriosa. Temos de pensar para ter fins apropriados para cada situação. Por que o Brasil não consegue fazer funcionar? As mães e pais brasileiros estão dispostos a desligar a televisão para os filhos estudarem? Planos e projetos todos já vimos, mas o que funciona é a ação. Seguir um rumo adequado para alcançar os resultados”, finalizou.

Sobre o Amazônia+21

O Fórum Amazônia + 21 é uma iniciativa para mapear perspectivas e buscar soluções para temas relacionados ao desenvolvimento da região e melhoria da qualidade de vida dos mais de 20 milhões de cidadãos que vivem na Amazônia Legal. O programa é uma realização da FIERO, Prefeitura de Porto Velho, através da ADPVH, com correalização da CNI e Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Todas as palestras ficam gravadas no canal do Youtube da CNI, e a cobertura completa de todos os debates pode ser acompanhada na página do Amazônia+21.

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